sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Poema gelado.

Goteja um céu nórdico sob o teto...
Escorre pelas paredes,
__ apodrecendo a tinta__
até inundar o chão.
Os pés lentamente pressentem
 o diluvio das impresivibilidades.
Num despir paradoxal... esconde-se  num buraco estreito ...
Sem calça,casaco e camisa .
 (< 30ºC) atinge a posição fetal.
(Ah não se esqueça que os óculos traduzem o alfabeto indecifravel dos olhos.)
Tudo se dissolve em frio...
se estica numa fria corda de metal...
Em que o sol, ressentido ,
não ressoa nem reflete.
Impossível quebrar com esse silêncio as muralhas do tédio.
Melhor se consolar com o ócio dos ocasos,
que fazem arrepiar a medula assustada dos ossos.
Os copos se quebram, e rasgam os corpos 
que caem instantâneamente coagulados...
Por glóbulos vermelhos magoados
pelo tempo que insiste em se arrastar 
através do espaço vazio entre as coisas e as carnes.
O inverno nosso de cada dia,
continua a roer o assoalho ...
Lambe o pó pobre das palavras que mancham os ares.
O bom senso e a moral vão pra casa do caralho!!!
Vitimizado por uma vontade anêmica,
resfolegada de excessiva agonia.
Corta o caos e descasca os orbes, 
em noites atávicas,
que explodem lagrimas de luzes
 em sua doce hipotermia.